segunda-feira, 30 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - ABORTO



ABORTO UMA QUESTÃO DE PRATICIDADE OU DE AMOR?

Um assunto muito sério a questão do aborto... Divide opiniões prós e contras, e cada um dos lados tem as suas razões plausíveis. Como chegar a um denominador comum? Talvez isso não seja possível. Esse assunto chegou ao Castelo Literário, e, por ser polêmico, dividiu opiniões. As princesas resolveram, mais uma vez, reunirem-se no salão secreto para debaterem sobre o assunto. E, dessa vez, a conversa não foi das mais fáceis, porque, entre as próprias princesas, as opiniões divergiram.
A primeira a se manifestar foi a princesa Suely Sette, com o seu jeito maternal foi logo se posicionando dizendo:
- De início, deixo clara minha posição radicalmente contra o aborto. Acho que não temos o direito de destruir o que não sabemos criar... Seja de bebês anencéfalos ou frutos de violências, eles são bebês e não têm culpa da insanidade dos pais...
A princesa Maria Luíza Faria reiterou com a sua maneira tímida e suave de falar:
- A questão do aborto é delicada, mas, concordo com a princesa Suely: Sou contra o aborto. Antes de considerar os valores morais e religiosos, considero o direito de viver. Direito que pertence a todos. Para mim, quem estabelece nosso tempo de vida é Deus, somente Ele.
A princesa Nell Morato resolveu também dar a sua opinião. Com seu jeito direto, sem “papas na língua”, foi logo disparando:
- Pois eu sou a favor do aborto! E vou dizer porque. Esse assunto é bastante polêmico e as pessoas que são contra, lutam fervorosamente, para que não seja legalizado em nosso país.
Os dados estatísticos estão aí para mostrar a quantidade de mulheres                que morrem no ato de um aborto clandestino e são chamadas de criminosas.  Já não temos cadeias para armazenar os assaltantes, estupradores e assassinos, imagine então, se prenderem as mulheres que abortam... Elas são consideradas criminosas porque realizaram um ato contra o próprio corpo? É contraditório e nada civilizado.
Ah, a princesa Suely ficou vermelha e seus lindos olhos azuis faiscaram e falou muito emocionada:
- Atropelar uma vida tão frágil em seu berço mais divino é assassinato!
 Correu aos seus aposentos  e voltou de lá com uma carta na mão. Era uma carta da Madre Tereza de Calcutá, que trata sobre o aborto, pedindo permissão para lê-la.
Emocionada começou lendo em voz alta:
- Eu sinto que o grande destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança, uma matança direta de crianças inocentes, assassinadas pela própria mãe. E se nós aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem? Como é que nós persuadimos uma mulher a não fazer o aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor e nós devemos nos lembrar que amor significa estar disposto a doar-se até que machuque. Jesus deu Sua vida por amor.
A princesa Cristiane Vilarinho, já estava em lágrimas, com seu jeito doce e sensível , obtemperou:
- Primeiramente falar de aborto me deixa triste. Pelo  fato de sempre querer ser mãe, a palavra “aborto” me assusta. Felizmente o povo brasileiro, em sua grande maioria, vem lutando contra essa minoria que tem se manifestado a favor da legalização do aborto. Eu sou terminantemente contra esse ato desprezível, irresponsável e inconsequente. Abortar é ceifar a vida daquele ser que é indesejado, é tirar a vida e a oportunidade de um ser que não tem o direito de se defender. E nenhum de nós tem esse direito.
A princesa Nell retrucou, defendendo a sua posição:
- Vejam bem: Quando eu era adolescente, meus amigos, também adolescentes, já sabiam qual o “medicamento” que deveriam comprar para que a namorada tomasse, caso a menstruação ficasse atrasada. E era ensinado pelo próprio pai, para que o filho não se “metesse” em encrencas.
A princesa Luíza voltou à carga:
- Defendo a política  de maior prevenção  contra a gravidez, principalmente entre adolescentes. É constatado que 60% das gravidezes em adolescentes terminam em aborto. É muito triste. Por  mais aliviada que ela se sinta por não ter que interromper seus planos, culpa ansiedade e depressão, poderão acompanhá-la pelo resto da vida. Acredito que isto ocorra com quase todas as mulheres que praticam o aborto... Porque se trata de tirar a vida de outro ser que nem oportunidade de lutar contra tem.
A princesa Nell  insistiu em sua posição:
- Não mudou muito, temos vários métodos contraceptivos e o mais importante deles, a camisinha e, mesmo assim, jovens engravidam. Não é só a gravidez, mas o risco de sérias doenças, HPV, Aids, entre outras.
A princesa Maria Luíza insistiu:
- Para mim, a vida é um milagre divino. Cabe unicamente a Deus, concedê-la e tomá-la.
E a princesa Cristiane Vilarinho corroborou:
- Há poucos meses , um noticiário de TV, mostrou uma jovem de 24 anos que morreu ao praticar um aborto.  Vocês sabem quanto custa um aborto? Hum... Posso garantir que não é nada barato. Então não seria mais sensato se prevenir ao invés de interromper o nascimento de um ser indefeso com a própria vida? Afinal, qualquer pessoa de maior idade pode ter acesso aos postos de saúde e adquirir gratuitamente os anticoncepcionais.
A princesa Suely disse enfaticamente, sacudindo as folhas de papel da carta:
- A ideia do aborto é inconcebível , e, para mim, indiscutível... Fere e muito também a mãe que nunca se conforma e vive atormentada... E falou: “ Deixo-vos essa carta, sem mais nada dizer...”
A princesa Nell insistiu em seu posicionamento:
- Eu sou a favor de que o aborto seja legalizado no país, para evitar a morte de milhares de mulheres jovens. Nada vai mudar com relação ao uso de contraceptivos, vão continuar abortando de forma clandestina. Nem a Aids, que há alguns anos assustou o mundo inteiro foi suficiente para fazer, com que casais priorizassem o uso da camisinha, evitando assim, também uma gravidez indesejada.
- E digo mais! O Brasil é um país laico na teoria, de influência cristã católica e a maioria substituiu as Leis, o Código Civil, penal, constituição pela Bíblia.  Isto é, igual aos países islâmicos, que abandonam as leis jurídicas para aplicar a Sharia, ou seja, o Alcorão é o parâmetro para as leis.
Estando calada e acompanhando com atenção toda celeuma, a princesa Vólia Loureiro resolveu, por fim, dar a sua opinião:
- Sou radicalmente contra o aborto, em qualquer situação. Mesmo que a mulher tenha sido violentada, mesmo que o bebê seja um anencéfalo. O único motivo pelo qual seria justificável seria para poupar a vida da mãe.
Sem querer levar o assunto para o campo da religião, observando a questão pelo lado científico e jurídico, tenho os seguintes argumentos que reforçam a minha opinião:
·         O primeiro direito constitucional do ser humano é o direito à vida. E a vida começa na concepção. Qualquer livro de Embriologia confirma isso. Há pessoas que defendem que o feto só deva ser considerado um indivíduo quando passa a demonstrar reações às sensações, isto é, quando o Sistema Nervoso se forma e o feto passa a responder aos estímulos. Esse modo de pensar é errado, pois já se comprova que , mesmo em embriões muito jovens, com poucos dias de vida, no instante do abortamento pela sonda que despedaça o seu corpinho, o embrião procura se defender, tentando fugir e se desviar da sonda, demonstrando assim o seu desejo de viver e o instinto de conservação. Como não respeitar essa vida? A vida deve ser protegida desde o seu início até o seu fim. Esse é um direito constitucional.
·         Outra razão utilizada para os defensores do aborto é o direito da mulher sobre o seu próprio corpo. Realmente a mulher tem direito sobre seu corpo. Tem o direito de ir e vir, direito sobre quando deve ou não fazer sexo e com quem fazer, porém, a vida que se gera em seu ventre não lhe pertence. Ali se encontra um indivíduo que tem as suas características próprias, os seus direitos  devem ser protegidos. Se a mãe tiver direito sobre a vida de seus filhos, poderia então, lhe ser permitido cometer o infanticídio quando esta não mais desejasse cuidar deles? Ora, que diferença existe entre uma criança já parida e outra que se prepara para nascer?
·         Defendem ainda os que são a favor da liberação do aborto, que muitas mulheres morrem vítima de abortos clandestinos, e que seria mais humano se permitir que a prática do aborto fosse realizada nos hospitais, com segurança e higiene. Dizem que o aborto é uma questão de saúde pública.
Então, eu indago: Um erro justifica outro? Será que é matando crianças que se vai resolver o problema de saúde pública? E com o nosso sistema de saúde atual, como podemos acreditar que as mulheres, que, geralmente, são pobres, teriam o atendimento necessário? Não é essa a realidade da saúde do nosso país...
Acredito que o aborto não é uma questão de saúde pública, mas uma questão de educação.
Uma boa educação escolar e doméstica, um serviço social fundamentado na promoção do indivíduo e não o paternalismo barato com que se busca calar a voz do povo com esmolas. Um serviço de saúde mais presente na comunidade, como ginecologistas, sexólogos, psicólogos que pudessem orientar os jovens e também os adultos  na questão da gravidez e das DSTs. Seriam ações corretas a serem tomadas.

Com relação à criminalização do aborto haveria de se punir não a jovem mãe, desorientada, que, muitas vezes, é vítima da falta de educação, miséria, desinformação e que, sem pensar, comete tal crime, mas que respondessem pelo crime o farmacêutico que forneceu o medicamento abortivo, o profissional de saúde que praticou o crime.
Por que se utilizar da maneira mais simples e cruel, através do descarte de um ser humano indefeso? Por que tentar resolver um mal com outro ainda maior? Esta é a minha posição, disse a Princesa Vólia.

Um silêncio se seguiu, e a noite já caía, quando as princesas, pensativas, ficaram a refletir sobre tudo o que se havia falado.

E você? Poderia nos dar a sua opinião sobre esse assunto tão polêmico? É contra ou a favor do aborto?

(Texto a cinco mãos das escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)




sexta-feira, 20 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS - HOMOSSEXUALIDADE



 HOMOSSEXUALIDADE

 Essa semana, na estreia da nova novela do horário nobre de conhecida emissora de TV, um fato  gerou discussões e chamou a atenção de muitas pessoas:  Um beijo entre duas mulheres. A novela mostra o relacionamento homo afetivo de duas mulheres já idosas, papéis exercidos pelas grandes atrizes: Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg.
 Hoje, queremos falar sobre a homossexualidade.
Homossexualidade é a condição em que a orientação sexual da pessoa é voltada a sentir afeto e desejo sexual por pessoas do mesmo sexo. Esta existe desde que o homem está sobre a face da Terra. É uma variante natural da sexualidade, pois está presente não apenas no gênero humano, mas também na grande maioria das espécies animais, como já comprova a Ciência.
Com relação a ser considerada normal isso já é outra coisa, a palavra normal, vem de norma, regra. As normas e regras são criadas pela sociedade, pela cultura de um povo. A prática homossexual era considerada normal na Antiguidade, no Japão dos samurais, na Índia, na Grécia, nas civilizações indígenas brasileiras e muitas outras, até mesmo na atualidade, entendem o homossexual e o transexual como indivíduos normais.
A visão de pecado da prática homossexual é de origem judaica e se estendeu pelo mundo com a cultura judaico-cristã. A homossexualidade passou a ser vista como pecado e punida com a castração e até mesmo com a morte. Surge daí o preconceito contra essa forma de manifestação da sexualidade.
Leis, religiões, culturas, pré-determinam que deveria ser “normal” apenas o relacionamento entre um homem e uma mulher... Porém, se somos donos, possuidores de nossos corpos, de nossa liberdade e é um instinto biológico, porque a atração sexual é um ato biológico, não adianta querer ou não querer. Não podemos escolher por quem vamos nos apaixonar, nos sentir atraídos. É preciso então viver e deixar viver.
Até onde vai o nosso preconceito? O Brasil, infelizmente, encontra-se no primeiro lugar no ranking da homofobia. Segundo pesquisas, o Brasil ocupa o vergonhoso 1º lugar no ranking mundial da violência contra homossexuais, sendo seis vezes mais violento que o 2º e 3º lugares, México e Estados Unidos , respectivamente. (Homofobia e Direitos Humanos: www.ggb.org.br) Em nosso país, um gay, uma lésbica ou um transexual é barbaramente assassinado a cada dois dias, vítimas da homofobia. Perguntamos: Por que o comportamento homossexual incomoda tanto àqueles que se dizem heterossexuais? Diz a Psicologia que aquilo que nos incomoda no outro, trazemos dentro de nós, de forma secreta e até mesmo inconsciente.
A homofobia leva à criação de mitos injustificáveis, tais como: Todo homossexual é promíscuo, tarado, pedófilo, destruidor de lares, etc. Obviamente que todos esses mitos são injustificáveis. Não é a orientação sexual de um indivíduo que lhe define o caráter. Da mesma forma que existe o Heterossexual honesto e o viciado, assim acontece com o homossexual.
Por muito tempo a homossexualidade foi vista como doença pela Ciência e terríveis tratamentos eram impostos, com o objetivo de se encontrar a “cura gay”: Choques elétricos, injeções com doses cavalares de hormônios, hipnose, lobotomia, banhos gelados. E tudo sem resultado...
O preconceito contra o homossexual é tão grande, que começa por ele mesmo, pela não aceitação da sua condição. O índice de suicídio entre os homossexuais é muito alto.
O beijo é uma das mais queridas manifestações de amor e afeto entre pessoas. Mas, por que é visto como algo pecaminoso, se esse beijo for trocado por pessoas de mesmo sexo, que mantêm uma relação homo afetiva, tal como ocorreu na cena da novela, diante de milhares de telespectadores? Se for uma demonstração de carinho, por que deve ser escondido?
Declarar-se sem preconceitos contra a homossexualidade é muito fácil. Pregar indignação perante as atitudes alheias preconceituosas também é bonito. Mas, quando a realidade se apresenta dentro da sua casa? Como aceitar o fato quando ocorre dentro do seu lar, sua família, um irmão, irmã, filho, filha, pai, mãe, sobrinho, cônjuge? Que postura teríamos? Respeitar fora de casa é uma coisa, ter de compreender, conviver com o fato em nosso ninho, mudaria a nossa atitude?
A TV, o cinema, os livros, fazem parecer tudo muito fácil, bonito e glamoroso, mas a realidade não se mostra da mesma maneira. Há sempre um choque, um conflito, há uma rejeição natural do ser humano àquilo que não nos parece ser normal. E isso é ainda por conta do preconceito que temos arraigado em nós. Há uma dificuldade em acolher o diferente.
A angústia maior, para muitas famílias, talvez esteja no fato de saber que a sociedade, por mais que pregue o contrário, é também hipócrita e discrimina sem piedade. Isso é doloroso e machuca muito.
Se temos alguém querido que se revele homossexual: um filho, filha, pai, mãe, irmão, etc. Não  devemos e nem podemos desprezá-lo. Ele continua sendo nosso ente querido, nada muda. Muitos pais expulsam seus filhos de casa por conta do preconceito. Muitos filhos somem da vida de seus pais porque não são aceitos pela sua sexualidade. Onde fica o amor em tudo isso? Como podemos desprezar um ente querido por conta de algo tão particular em sua vida? Muitos pais tentam “curar” os seus filhos por vergonha, por medo do sofrimento que terão de enfrentar na sociedade, mas isso não leva a nenhum resultado, apenas faz aumentar o sofrimento daquele que já sofre por sentir-se diferente. O que podemos e devemos fazer é aceitar o homossexual, e nos aceitar se somos homossexuais. E, na condição de pais, orientar o jovem, seja ele homo ou heterossexual, a ter respeito e responsabilidade diante da prática do sexo.
Se orientação sexual fosse opção, ninguém optaria por ter um gosto que o expusesse ao preconceito social. Para muitos homossexuais a aceitação dessa realidade é extremamente sofrida, conflituosa e negada por muito tempo. Ninguém tem o direito de julgar o outro por conta da sua orientação sexual.  Ninguém deixa de ser pior, ou melhor, por conta da sua orientação sexual. Aliás, classificar as pessoas por conta das suas preferências sexuais já é um preconceito. Termos como heterossexual, homossexual, bissexual, transexual, gay, lésbica, travesti, não deveriam ser aceitos para marcar as pessoas. Pessoas são pessoas, nada mais, e a orientação sexual é fato que só diz respeito a cada um.
Respeitar as diferenças é obrigação moral de cada um. Todo tipo de preconceito é abominável, quem dera que o mundinho preconceituoso de alguns ignorantes pudesse se abrir à luz da verdade única do amor universal...
O coração não conhece fronteiras, nem distâncias. O amor ignora o gênero sexual, é apenas amor. Que importa se esse amor nasce entre pessoas de sexo diferente, ou do mesmo sexo! Será que se for entre pessoas do mesmo sexo será menos importante? Menos amor? Menos gratificante? O afeto, o carinho, a cumplicidade da alma, do coração é vergonhoso, pecaminoso, só porque foge aos padrões da dita “normalidade”? Dois seres humanos são piores ou melhores apenas por escolherem como objeto de seu afeto uma pessoa do mesmo sexo? Isso não muda nada.  Isso não faz ninguém ser menor, porque o amor engrandece as pessoas. O amor verdadeiro faz o ser crescer espiritualmente. Não importa a forma como se apresente.
Como é possível que um beijo, que é sinal de ternura, só pelo fato de ter sido dado por duas mulheres, na cena da novela, ter chocado mais, algumas pessoas, do que a cena em que um filho mata o próprio pai, movido pela ganância do dinheiro e do poder? Que mundo é esse em que vivemos?
Relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo. Não se trata apenas de sensualidade, é mais profundo, falamos de amor. Duas mulheres apaixonadas ou dois homens apaixonados um pelo outro... É amor... É romântico, envolve o corpo e a alma.
É importante que aprendamos a desenvolver em nós o sentimento de alteridade e que compreendamos que, cada pessoa tem o direito de assumir a sua sexualidade de forma livre, que o respeito às diferenças deve ser considerado e que o importante na vida é que as pessoas tenham o pleno direito de amar e serem amados, não importa a forma, a cor, o jeito desse amor.
(Texto a cinco mãos pelas escritoras: Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)


sexta-feira, 13 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO... CONTA A CINCO MÃOS - MENOPAUSA


MENOPAUSA


Ao Cruzar a linha dos 40 anos, nós, mulheres, começamos a nos preocupar com uma palavrinha que, anteriormente, só fazia parte da vida de mulheres mais velhas: Menopausa. De repente, sem que a gente espere, a nossa rotina se modifica! O encontro marcado com aquele velho incômodo mensal, a menstruação, começa a não acontecer. O ciclo menstrual começa a falhar e notamos que algumas coisas também começam a mudar. O físico se modifica, o humor se modifica e bate um sentimento de insegurança! Damo-nos conta de que perdemos a capacidade de procriar, isso mexe com o emocional, com a nossa autoestima, nos aterroriza... Sentimo-nos menos mulher! Percebemos que estamos envelhecendo!
É culpa da progesterona, ou melhor, da falta dela. É um período de mudanças e de grandes transformações... Cai tudo, falta tudo, dói tudo... Ou não. Algumas mulheres conseguem passar por essa fase sem grandes sofrimentos físicos. Com o avanço da tecnologia e da Ciência, ficou menos sofrido para nós, mulheres, a passagem por essa verdadeira avalanche emocional.
Um pesadelo, nessa fase, são as infecções urinárias frequentes. Pela falta de lubrificação vaginal, culpa da ausência da progesterona, que protege a região dos invasores. O uso de cremes contendo esse hormônio auxilia na prevenção e controle dessas infecções.
O sexo, também passa por uma revolução. De início, com a descompensação hormonal, ocorre uma baixa na libido, porém, com o tempo, tudo voltará ao normal, ou até mesmo, ficará melhor, pois com a redução da massa muscular, os nervos da região pélvica, que estão mais na superfície, tornam a área mais sensível ao toque e o sexo poderá ser mais prazeroso. A frequência dependerá da disposição física de cada um... Para os médicos e sexólogos não existem contra indicações, levando-se em conta que sexo é uma necessidade fisiológica, portanto, saudável!
A menopausa é um assunto que precisa e deve ser mais discutido, compreendido e divulgado. É um estágio da vida feminina que, se bem entendido, poderá não causar tantos dissabores. O corpo que sofre com as mudanças bruscas pede abrigo. A desordem emocional pede aconchego e proteção. Talvez, um dos incômodos mais desagradáveis da menopausa seja a dificuldade que as mulheres encontram em aceitar essa fase com tranquilidade. E acontece, justamente, pela insensibilidade das pessoas que estão ao redor, no convívio diário. Associamos a menopausa apenas ao envelhecimento. A diminuição da taxa hormonal no nosso organismo causa, na maioria das mulheres, uma verdadeira tempestade existencial. Essa é uma fase difícil. Não conseguimos vê-la como uma mudança, mas como o fim de tudo. Enxergamos  apenas as perdas, sem a capacidade de vermos o que há de bom. E daí, vem o medo da rejeição, de não ser mais tão amada, tão desejada; de não ser atraente, porque a menopausa mexe com o ego, toca fundo na vaidade e, ao perdermos o viço da pele, o brilho dos cabelos,  sentimos como se desaparecesse também o encanto, a luz que há além do físico.
Mas, nem tudo está perdido, existe uma luz no fim do túnel! A vida pode ser muito boa após a menopausa; a Ciência está a nosso favor! Com acompanhamento médico e exames adequados, o médico poderá estabelecer tratamento para o controle dos sintomas. Uma alimentação balanceada, composta basicamente por alimentos naturais como frutas, legumes, verduras, cereais, muita água e proteína magra.
 Quase sempre a intolerância ao leite, causada pelo fato de que o nosso intestino não produz mais a lactase, a enzima que transforma a lactose em glicose, nos impede de ingerir cálcio. Podemos substituir o leite por iogurtes, ou, em casos mais difíceis, o médico poderá indicar o uso de cálcio em forma de cápsulas. Pele seca e cabelo quebradiço, nem adianta hidratação, gastar um dinheirão no salão, o brilho e a saúde vêm de dentro... O médico poderá receitar colágeno, que além de cuidar da pele e dos cabelos, vai ajudar a melhorar as dores nas articulações, ajuda a controlar o peso e dá mais viço a pele. Exercícios físicos, caminhada e natação são excelentes para manter os músculos em atividade.
Esta é a fase em que necessitamos de mais aceitação, mais carinho e tato de quem está ao nosso lado.  A mulher que, hoje sabemos sexo forte, que  foi à luta e conquistou seu espaço, que é respeitada e competente, nesta fase, precisa de apoio e compreensão. É necessário que se saliente as outras belezas que as mudanças trazem. Cabe a nós, mulheres, valorizarmos  o que nos fica mais belo, mais interessante; descobrirmos como ressaltar as transformações de maneira positiva. Cabe-nos, nos amar mais ainda, emoldurarmos a nossa nova estampa com cuidado, preservando o que é mais belo, dando um toque mais charmoso de restauração onde é necessário, enaltecendo o encanto de ser mulher.
A mulher não deve entender a menopausa como atestado de velhice, podemos manter nosso viço e alegria, e ter uma vida normal. Existe vida após a menopausa e esta pode ser produtiva e feliz.
Com ou sem menopausa ninguém consegue apagar da mulher a graça e a beleza de ser o que é. Sua nobreza desfila na passarela da vida, independente de sua condição social ou estágio em que se encontre. Será sempre a mulher progenitora e eleita como símbolo da vida.


“Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.”

Adélia Prado

(Crônica a cinco mãos pelas escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato,Suely Sette e Vólia Loureiro)

sábado, 7 de março de 2015

HOMENAGEM À MULHER





Quando Deus criou este ser divino e especial, Ele estava pensando exatamente no que há de melhor no Universo.  E Deus criou a mulher... Precisava criar um ser forte e, ao mesmo tempo, delicado, inteligente e, ao mesmo tempo, sensível, emocional.
Artista inspirado criou o seu corpo cheio de curvas e maciez, contendo um ninho em seu ventre, o útero, que gera e guarda os filhos que haveria de parir. Nascemos especiais possuímos o dom da maternidade. Cuidar e gerar vidas. Vivemos dedicadas à família e fazemos disso missão. Muitas mães passam  frio, fome e dor, para proteger sua cria. Muitas abrem mão da própria vida, para cuidar de outra.
Deus criou a mulher, e o homem, fascinado e inseguro, diante de ser tão perfeito, por muito tempo, a fez acreditar ter saído de sua costela e, por isso, ser propriedade sua. Disse-lhe não ter alma, não ter direitos, nem vontades, esquecido de que, sem ela, não poderia existir. Trajetória difícil a de uma mulher.  A história nos mostra que alguns povos da Antiguidade tratavam muito bem as mulheres... Para outros, servia apenas para reprodução e diversão e, ainda hoje, a mulher é humilhada, violentada, usada e abusada. 
O Homem humilhou e abusou da mulher. E a mulher, apesar de tudo, amou o homem, e deu-lhe filhos, parindo com dor, e foi sua companheira e cúmplice, a vida inteira.
Injustiçada, desde as eras mais remotas, acusada de ser culpada pela perda do paraíso, vista como tentação, como feiticeira, sofreu a mulher com a insegurança masculina, que através da força, negava a sua grandeza.
A mulher, porém, amou o homem e transformou o seu sangue em leite, ensinou-lhe os primeiros passos, as primeiras palavras, educou-lhe os modos. Abriu caminhos, se firmou, cobrou e alcançou os seus direitos, dividindo o seu tempo que parece infinito. Cuidando com desvelo dos que lhe são caros, trabalha e faz acontecer, conciliando o lado profissional perfeito com  o papel de esposa exemplar e rainha do lar. Destacando-se com bravura e inteligência.
Mulher que é cheia de graça e que se expande em cuidados para quem dela precisar.
Amiga, amante, mãe, avó, filha, irmã como defini-la mulher? Pois você é especial, simplesmente por ser mulher!
Você que não é menos importante por nunca ter feito um café, nunca tenha pregado um botão, não saiba como passar uma camisa, nem como se pega em uma vassoura... Ou, talvez, você seja aquela que jamais tenha feito outra coisa, além de cuidar da família e do lar... Ou, ainda, que ame, fervorosamente, rezar, cantar, dançar, pintar, fazer poesia, mais do que tudo na vida!
Você que tem da rosa a suavidade e o perfume, espinhos também. Mas, sabe fazer seu tempo e continuar a jornada, ainda que cansada.
Você que é muito especial! Porque não é só isso que a torna uma criatura iluminada... É  a essência que carrega dentro de si, e que naturalmente, emprega em cada atitude. É o brilho que você transfere para cada gesto, cada exercício, cada escolha.
Ser mulher está no calor do beijo de filha, de irmã, de esposa e mãe... No afago e carinho de amiga e companheira... No acolhimento feminino que é diferente, é puro, genuíno, místico e sagrado.
Mulher, ser humano com a marca do divino a adornar-lhe a vida.
Ser mulher é encantar por onde passa... Não importa o que faça!
Como diz o poeta Erasmo Carlos em sua música Mulher (Sexo Frágil)
Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10,
Sou forte, mas não chego aos seus pés...

( Texto a cinco mãos pelas escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)

sexta-feira, 6 de março de 2015

QUEM CONTA UM CONTO... CONTA A CINCO MÃOS - É PRAZER OU DOENÇA?



É PRAZER OU DOENÇA?


Ultimamente, o assunto mais comentado e que anda mexendo com o imaginário das mulheres e também de alguns homens  é a estreia do filme 50 Tons de Cinza, película baseada na obra da escritora E. L. James, autora da trilogia de mesmo nome e que teve um estrondoso sucesso editorial. O filme também não decepcionou e é sucesso de bilheteria, principalmente para o público feminino.
Livro e filme contam a história de Christian Grey, que quando criança havia sido abandonado pela mãe (prostituta) e era vítima de maus tratos por parte do cafetão que a agenciava. Posteriormente a personagem é adotada por um casal americano muito rico, que lhe possibilita ter uma vida normal e confortável, porém, os traumas da infância, o deixaram insensível, incapaz de amar. Na adolescência, o rapaz conhece uma mulher madura que o introduz no mundo do sadomasoquismo e a partir de então, ele só consegue prazer sexual através dessa prática. Até que conhece a estudante de Literatura Anastasia Steele e mesmo continuando com as práticas de sadomasoquismo, ela consegue despertar os sentimentos do rapaz.
Entre quatro paredes tudo é permitido, já diz um velho chavão... Mas será que toda prática sexual deve ser considerada saudável e benéfica? Não  questionaremos a questão da normalidade, porque essa questão de ser normal ou não, de ser moral ou não varia de época a época, de cultura a cultura, e não é esse o objetivo da nossa reflexão.
Relações perigosas: sadomasoquismo, encontrar prazer sexual através de causar ou sentir dor, há casos de pessoas que buscam a sufocação através de sacos plásticos para conseguirem prazer sexual.
Relações perturbadoras: sexo com animais, com cadáveres, voyeurismo, sexo com mais de um parceiro ao mesmo tempo, utilização de instrumentos, de drogas estimulantes. Isso deve ser considerado saudável  ou desvio? Qual deve ser a função do sexo em nossa vida?
Não devemos ser ingênuas a ponto de afirmar que a função do sexo é a reprodução da espécie, isso é consequência.  O sexo existe para dar prazer, é uma energia poderosa, capaz de trazer saúde, plenitude, ou, pode trazer a doença, o desequilíbrio, quando não há orientação, quando junto a sua prática existe o desequilíbrio psicológico, as doenças emocionais.
Amor, prazer, sexo e fantasias sexuais, cada um tem as suas preferências, cada um tem a sua forma peculiar de expressão. Contudo, é difícil entender que para sentir prazer haja necessidade de sofrimento, agressão, possessividade. Devemos acreditar que há algo de muito errado, lá atrás, em algum ponto da linha, houve um nó que não foi desfeito.
Certamente que prazer, fantasias e sexo podem ser apimentados por casais sem haver a necessidade da tortura repugnante. Não se deve, portanto, impor, sufocar, agir com egoísmo. Esses são traços de mente doentia.  Causar ou querer a dor para sentir prazer é patológico e doença necessita de tratamento.
Prazer, satisfação, alegria e plenitude vêm sempre de sentimentos respeitosos, onde se busca não ferir, não machucar, não manchar. Quem ama, busca a maneira mais tranquila de demonstrar, de conquistar, cativar. O amor não comporta tortura de espécie alguma, pois é plenitude, completa o que falta na vida, preenche os vazios da espera.  Amor é alegria, brincadeira, diversão e o sexo é paixão, tentação, êxtase... Dois seres saudáveis de corpo e mente, se doando e desejando  e buscando a felicidade e o prazer mútuos.
Entre quatro paredes tudo é permitido, desde que não constitua perigo à saúde física, mental ou moral. Desde que não cause sofrimento, dor; desde que haja respeito e amor ao parceiro. Então, o bom senso é o melhor caminho.
“Não há dificuldade que o amor não vença, nem doença que não cure, nem porta que não atravesse, nem muro que não derrube, nem pecado que não redima.” Emmet Fox.

(Texto a cinco mãos, pelas escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro).