quarta-feira, 27 de agosto de 2014

QUEM CONTA UM CONTO...CONTA A CINCO MÃOS



LIBERDADE...REALIDADE OU UTOPIA?


Pássaro de imensas asas que voa sobre as infinitas alturas... Liberdade, realidade ou utopia? O que significa exatamente a liberdade? Até onde somos realmente livres, se o nosso agir interfere na vida dos outros?
Liberdade é poder escolher o caminho que queremos seguir, sendo responsáveis por nossas escolhas. É poder sentir a brisa da manhã tocando o nosso rosto depois de uma noite tranquila, com a consciência limpa. É a capacidade de guiar a nossa conduta, de acordo com a nossa vontade, com a nossa consciência, sem sermos coagidos a isso. Liberdade é o mais precioso bem da vida humana. Ser e estar livre, ter a alma livre... A liberdade de ser, de não se submeter a nenhum domínio, ser independente e tomar as próprias decisões, sem depender de outrem. Liberdade de podermos simplesmente fazer nossas próprias escolhas e decidirmos por aquilo que, não necessariamente, é aos olhos dos outros, o politicamente correto, mas decidirmos por nós mesmos, pelo nosso coração, pelos nossos anseios, nossos sonhos.  Liberdade de sermos autênticos, a despeito do quanto isso agrade ou não, aos que nos rodeiam. De optarmos por andar descalços para sentirmos um pouco mais o chão e as saliências, antes de nos arriscarmos em voos que prometem segurança. Liberdade de desejar a alma mais leve, sem nos cobrarmos a prestação de contas por querermos aliviar o peso dos ombros... Será mesmo?  Liberdade nada mais é do que um estado de espírito, um sentimento semelhante à felicidade.  Podemos ser livres e nos sentirmos presos por um sentimento que escraviza a alma. Aí nos tornamos cativos de nós mesmos, por outro lado, podemos estar presos a uma situação ou a alguém, e nos sentirmos completamente livres. O amor, por exemplo, precisa ser livre, sem ciúme ou dominação. O prazer de poder amar e ser amado, mas ser independente, mesmo em um casamento.  O amor só sobrevive se lhe for dado a liberdade, caso contrário, míngua. Só compreende o valor da liberdade quem dela, um dia, foi privado.
Liberdade significa o direito de agir segundo o livre arbítrio, sem prejudicar ninguém, é a independência do ser humano. Na realidade, a nossa liberdade termina quando esta fere o bem-estar e o direito do próximo. Ao pensarmos em liberdade, devemos sempre levar em consideração o próximo, pois não vivemos, e sim, convivemos com pessoas, que possuem sentimentos.  A vida em sociedade cerceia a liberdade. É importante não confundirmos liberdade com livre arbítrio, este último, todo mundo tem, pois é o direito de pensar, de escolher viver de um determinado modo. Já a liberdade é o poder de conduzirmo-nos de acordo com tal escolha. Infere-se daí, que o fato de termos livre arbítrio nem sempre significa que temos liberdade.
Trazemos o desejo de liberdade dentro de nós e esse sentimento nos faz senhores de nós mesmos. É preciso que gozemos da liberdade relativa a que temos direito, para que possamos evoluir, e assim, permitir que os nossos talentos se desenvolvam. Quando negamos ao outro a liberdade, é como se o matássemos espiritualmente. A nossa liberdade, portanto, deve respeitar o direito do próximo para que não se torne opressão à liberdade deste. A nossa liberdade vai até onde começa a do outro e a responsabilidade sobre os nossos atos. Mesmo assim, que delicia é a tal de liberdade! Nossos atos são livres, mas são, também, preponderantes quanto à continuidade desta tão sonhada liberdade. Usarmos com responsabilidade a nossa liberdade determinará a sua validade perante a sociedade. Importante é também não confundirmos liberdade com libertinagem, pois aí já estaríamos agindo em desrespeito aos costumes.
A liberdade plena é um conceito utópico, ela só existiria se vivêssemos isolados no mundo, mas, nenhum homem é uma ilha, todos precisam viver em sociedade, para evoluir e aprender a amar. Porém, podemos gozar da liberdade plena através do pensamento. Por ele podemos ser livres, sonhar, voar alto, ir ao infinito. Pelo pensamento tudo nos é permitido, pela ação, ficamos restritos ao dever. Liberdade é respeitar o próximo, as próprias escolhas, os próprios limites. Este é o segredo da paz.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

VOU EMBORA PARA DENTRO DE MIM


VOU EMBORA PARA DENTRO DE MIM
Vólia Loureiro do Amaral Lima

Vou embora para dentro de mim,
Não me procurem,
Pois não sei meu endereço.
Quero apenas o meu mundo,
Esse outro, por enquanto, esqueço.

Vou embora para dentro de mim,
Já fiz a mala, fechei a porta,
Não deixo saudades,
Não guardo lembranças.
Apenas me encontrar é o que importa.

Vou embora para dentro de mim,
Porque meu mundo é mais belo,
Já tranquei a porta,
Já perdi a chave.
Talvez, um dia eu volte.

Mas, por agora,
Não me procure,
Não pergunte por mim,
Não tenho mais rosas no jardim,
Apenas, quero fugir,

Para dentro de mim.

ABRIGO


ABRIGO

Vólia Loureiro do Amaral Lima

Queria, hoje, o teu abraço.
Que ele fosse o meu abrigo,
O meu ninho, todo meu espaço.

Queria, hoje, o teu olhar.
Que a sua luz fosse o meu Sol.
A minha bússola, o meu farol.

Queria, hoje, os teus ouvidos.
Que eles pudessem guardar meu canto,
E os versos que apenas dizem: Amo-te tanto!

Queria, hoje, a tua voz.
Que ela estivesse, branda, macia.
E me cantasse uma canção de ninar.

E, assim, eu adormeceria,
Aninhada em teus braços,
Sob a luz do teu olhar,
Vazia dos meus medos.
E, feliz, eu poderia voltar
A sonhar.


26/08/2014

AS BATALHAS DE CADA DIA


AS BATALHAS DE CADA DIA
Vólia Loureiro do Amaral Lima

Sofro a dor de cada dia,
Mas a ela recuso-me sucumbir,
Antes, luto.
Soldado das guerras individuais,
Sou chamada a batalha de cada dia.

Às vezes fico em meio ao fogo cruzado,
De incompreensões, desamores e ingratidões.
E surge a tentação de vestir a indumentária do
Orgulho.
E portando as armas da vaidade,
 Ferir a quem me fere.

Mas a primeira batalha é contra mim mesma,
E prefiro a nudez da humildade,
E empunhando a flor do perdão,
Quero compreender e aceitar
O meu irmão.

Quando a dor me fere tanto,
A ponto de meus joelhos dobrar,
Espero que a revolta,
Não venha a me atormentar.

Antes, caída de joelhos,
Eu lembre,
Que essa é a posição da oração,
E assim eu rogue a Deus,
Que me auxilie no perdão.

Na batalha de cada dia,
Que minha arma seja o amor,
Que eu sempre empunhe a flor,
E que dos meus lábios,
Sempre soem,
Os versos que falem da beleza do perdão.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BEM AQUI...

BEM AQUI...
Vem suave...
Mas não vem de qualquer lugar...
De onde vem esse sopro de ternura,
Ternura digna, Que faz um mar brotar no peito...?
Traz a perfeição das faces bem guardadas
Não vem em segredo, Apenas silenciosamente...
Discreta, Quase a pedir licença Mas vem...
Sussurra uma desculpa
E deposita um beijo quase angustioso,
 Bebe o sentimento morno do coração
Vem e fica...
E dança sinfonias de tristezas...
Enleva a alma Aquece,
Dispersa em voos lânguidos
O desejo e a lágrima...
Mas sempre vem...
Quando a ausência é tortura
Quando um momento,
Ou um rosto,
São constantes ou perdidos...
Vem suave,
Nua e terna,
A saudade...

ML


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

PARA SEMPRE...

PARA SEMPRE
É assim que eu recordo:
O rosto sereno,
A pele suave
Sem vaidades e artifícios,
Espelho e presença ...
A voz tranquila
Sem atropelos
Nos conselhos silenciosos
Sem contornos
Entendidos num olhar...
Olhos que abarcavam o mundo
Os caminhos,
O interior,
Sem atalhos,
Descansados em ternura...
Sorriso que abraçava
Sem reservas, sem exigências
Sem pedidos nem urgências,
Abraços de cura
Doação inteira...
Assim, quero sempre recordar:
Sentindo o colo
E o consolo constante...
As batidas de um coração
Que dentro do meu
Nunca parou,
Como o som de mil orações
Eternamente repetindo
É seu, para sempre,
O meu amor!...
M.L

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Saudades, a dor de um amor que fica.


SAUDADE... A DOR DE UM AMOR QUE FICA.

Saudade é uma linda palavra que só existe na Língua Portuguesa. É a ponte que nos liga ao passado, em uma lembrança terna ou dorida. Sentimos saudades do passado, de alguém que partiu, do que vivemos, do que sentimos, ou ainda daquilo que quisemos um dia ter e nunca tivemos, daquilo que deixamos de viver e sentir, por covardia, por ser proibido, por não ter sido possível  ou mesmo por ter renunciado por espírito de estoicismo.
A saudade é a materialização de um sentimento. É a ausência sempre presente, é mais que uma lembrança. Saudade tem corpo, tem cor, tem cheiro, tem sensações, tem emoção. Saudade tem certezas.
 A saudade é uma parte preciosa do amor, que ficou no rastro de um momento bom. Não se fala de amor sem se lembrar da saudade dos momentos distantes, mesmo naqueles pequenos momentos ela se torna companheira e se faz sentir numa angústia sem fim e numa triste inquietação. Vem assim: às vezes mansa outras vezes, intensa. Ficamos impotentes diante desse sentimento que nos faz rir e chorar, ao mesmo tempo, quando olhamos uma foto de alguém  a quem amamos, quando voltamos aos locais onde passamos momentos felizes, aquela casa onde vivemos a nossa infância, quando nos lembramos das viagens, dos projetos futuros, esquecidos lá no passado, quando ouvimos uma música ou vemos um filme, que nos remete a determinados momentos de nossas vidas.
O que fazer com as horas que parecem infinitas? Com os dias que se repetem dolorosos porque nos falta algo? Por que uma angústia sufoca e toma conta do nosso coração? E nada tem graça... Nada se completa... A saudade é um sentimento, profundo e desorientador. Na sua dimensão infinita, ao preencher de ausência a nossa vida, dela expulsa a essência divina da qual somos portadores e nos torna humanos.
Em alguns momentos, a saudade dói como um corte feito por uma navalha. A saudade dorida amarga, arde no peito, maltrata, causa ansiedade. É a pergunta que ficou sem resposta, é a imagem do ser querido que, de repente, se esvanece no ar, é o silêncio causticante que impede que se ouça a música do amor, é a dolorosa saudade de quem está perto e ao mesmo tempo tão inacessível...  É um desassossego sem fim, uma louca vontade de voltar, de regressar. Essa nos faz chorar, é uma saudade que só o tempo cura e, às vezes, uma vida inteira ainda é pouco para curar essa ferida da alma.
Há também a saudade que nos faz sorrir e sonhar, que nos faz suspirar de prazer. É como se folheássemos aquele velho álbum de família e, vendo as fotografias, pudéssemos reviver aqueles momentos e sentimentos tão agradáveis e tranqüilos. Por alguma razão passamos pela vida sentindo falta de algo. Talvez, a saudade seja uma forma de nos lembrar que não estamos sozinhos nesse mundo. Se decifrássemos o DNA da saudade é possível que encontrássemos traços de esperança de um reencontro, único remédio capaz de nos devolver a alegria.
A saudade é escrita em prosa e verso pelos poetas sempre apaixonados, é sentida e chorada pelos amantes. A saudade, esse sentimento doce e amargo, ao mesmo tempo, é sempre o amor que fica guardado como uma pedra na ferida aberta do coração, necessitando que o tempo, as lágrimas ou até um novo amor venha transformá-la em pérola e curar essa dor infinita, transformando-a em nova emoção.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

SOPRO

SOPRO Ventos e essências Sensibilidade extravasada... Olhar desconhecido As almas leves, Tão iguais... O desejo e o descuido, O risco... Essências não se dissipam Invadem... A noite não é mais finita... Ventos e sussurros Ventos e segredos... O proibido Sem lugar E sem tempo...

Maria Luíza Farias 19/08/2014

Direitos preservados.

PROFUNDEZAS



PROFUNDEZAS

Vólia Loureiro do Amaral Lima

Quem dera poder dar-me a conhecer...
Lago de águas profundas eu sou.
A luta da ambiguidade,
Entre o santo e o profano,
Entre a sombra e a Luz.

Quem dera poder conhecer
Todos os caminhos por onde
Anda meu coração.
Sou caminheiro constante,
Que me perco nas noites estreladas,
Que me encanto com a doçura de um olhar.

Quem dera saber de mim!
Talvez fosse mais fácil,
Mostrar- te meus caminhos,
Meus códigos,
Meus segredos...
Mas até para mim sou mistério.

Não tenho como te ensinar a me decifrar.
Esfinge de sonhos.
Mas não temas, não te devorarei.
Permaneço assim, indecifrável.
Encantada, ignota.

Esse é o meu mistério,
Um lago profundo,
Um par de olhos que miram o céu,
Perscrutando as estrelas,
Uma mente que sonha,
E uma alma fugidia,
Que ama, mas que vive a voar pelas madrugadas,

Esperando pela poesia.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Rosa Negra


ROSA NEGRA

Vólia Loureiro do Amaral Lima

Ah! Rosa Negra!
Por que foges de mim?
Por que te escondes assim
Dos meus raios de Sol?

Temes, por acaso,
Que eu te creste as pétalas?
Mas eu posso ser para ti arrebol.
Ou quem sabe uma mansa alvorada?

Antes, procuravas me enfeitiçar,
Promessas de amor,
Lindos sonhos,
Madrugadas felizes.

E o meu verso,
Era para ti orvalho.
Julguei que olharias para mim,
Sempre com olhos de Primavera.

Mas, o inverno tomou conta de ti,
E o teu coração se enregelou,
E do doce sentimento, nada sobrou.
Apenas os espinhos é o que me ofertas.

E eu já nem sei como em ti chegar,
São tantos espinhos,
Que o meu carinho vai ficando ferido
Pelo caminho.

Ah! Rosa negra,
Se soubesses o amor que para ti tenho guardado!
Se soubesses da poesia,
Se soubesses da alegria!

Mas o teu coração deseja me esquecer...
E eu já nem me pergunto mais por quê.
Já depus as armas,
Já me imolei nessa batalha inglória.

Agora só espero que a noite caia sobre mim,
E que algum vento me leve para distante,
Porque voltei a ser um coração errante,
Que um dia se encantou por uma Rosa negra.

15/08/2014


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Esperança, uma luz no fim do túnel.



QUEM CONTA UM CONTO... CONTA A CINCO MÃOS

ESPERANÇA...A LUZ NO FIM DO TÚNEL.

Nos dias cinza de nossas vidas, quando parece que vamos sucumbir no mar de problemas e desafios, eis que surge a Esperança a nos ajudar a superar tudo e seguir em frente.

A Esperança é o combustível que nos encoraja e convida a seguir, apesar dos contrários da vida. Ela é a força que invade as trevas, trazendo luz, o vento que convida a prosseguir, mesmo quando, humanamente falando, tudo pareça acabado.

Esperar que os sonhos se realizem, que as coisas tomem rumos diferentes, que as sombras sejam passageiras, que o milagre necessário possa acontecer, novos rumos, novas histórias, a perspectiva de poder mudar de opinião sobre alguém ou alguma coisa... Nós, a todo instante, temos Esperança em acreditar que bons tempos virão, mesmo que ainda não consigamos vê-los. A Esperança é mais que o desejo de que tudo melhore, ela é, antes, a convicção da vitória, que chegará trazendo alento onde a dor passou devastando tudo.

Viver é um grande desafio. O tempo inteiro somos colocados à prova. As dificuldades surgem e precisamos ter ânimo para vencê-las e é nesse momento que a Esperança surge como um Sol renovador de nossas forças. Na realidade, é a Esperança que nos faz sair da cama todos os dias, sem ela, não conseguiríamos avançar. Sem a Esperança, a Humanidade ainda estaria na Idade da Pedra, pois é ela que não nos deixa desistir de lutar diante do desafio.

É a Esperança que nos tira da sombra e aquece os nossos corações, que nos faz acreditar que amanhã é outro dia, é o dia certo.  É o sonho da felicidade, que nos faz atravessar os mares, mover as montanhas e acreditar que podemos chegar aonde quisermos, porque a gente enxerga longe, quando vê Esperança em tudo.

Esperar pelo melhor é ousar mais, é confiar que cada desejo seu se unirá a outro, impulsionando-nos a uma sucessão de realizações. Porque esperamos a vida inteira... A vida se formando, crescendo, envelhecendo, renascendo... E a Esperança sempre junto, sustentando nossos passos, não nos deixando desistir, soprando forças para caminharmos.

Todo ser é único, por isso a Esperança é diferente para cada um de nós. Sim, porque a Esperança só existe quando há um elo com o desejo da necessidade verdadeira.  Mesmo que exista apenas um resquício de Esperança, deve-se agarrar nele... Nas horas alegres, a Esperança de que elas se perpetuem e se eternizem; nos momentos difíceis, Esperança de que sejam breves, sejam levados como a poeira dissipada pelos ventos.

A Esperança é a promessa da felicidade e, se sustentada pela fé, esta é capaz de realizar milagres.  Irmã da Fé, vem a Esperança nos dizer baixinho:
- Amanhã é outro dia!
- Levanta a cabeça, dá-me tua mão e sigamos então!

Quem anda com os pés apoiados na certeza de dias melhores, jamais deixará de ter forças para prosseguir, jamais abandonará seus sonhos e, principalmente, jamais cogitará a possibilidade de perder a fé em alcançar os seus objetivos.

A Fé e a Esperança, juntas, são a mola propulsora do progresso da Humanidade. É preciso, entretanto, que não transformemos a nossa Fé em fanatismo e nem a nossa Esperança em inatividade. Antes, saibamos compreender os desígnios divinos e trabalhemos bastante na busca dos nossos sonhos.

Ter Esperança é tudo! Com ela, nenhuma tarefa é árdua, nenhum desejo é impossível! Ela é o fio invisível que nos conduz ao desconhecido, vencendo as incertezas, indicando a luz. Ela é um sentimento com o poder divino para nos devolver a força que pensávamos perdida. Aprendamos com as lições das situações adversas, transformando a dor em ensinamento e tendo o farol da Esperança nos guiando para novos mares, novo amanhecer.

sábado, 9 de agosto de 2014

A Esperança do Poeta


A  ESPERANÇA DE UM POETA

Vólia  Loureiro do Amaral Lima

Esperei tanto tempo pelo teu amor...
E quando te encontrei, me fiz raio de luar,
Para poder chegar mansamente,
E, assim, não te assustar.

Sei que és um sabiá,
Que vives a cantar,
Sem pouso ou parada certa.
Por conta disso, a porta do meu coração,
Permanece aberta.

Não entendo muito dos teus sonhos,
Mas sei fazer poesia,
Sei transformar a dor,
Em um poema,
Uma elegia.

E quando te vejo meu sabiá,
Eu vejo a dor do teu olhar,
Eu ouço teu canto,
E com ele me encanto,
E passo a sonhar.

Sonho que um dia possas me olhar,
E, nas tuas asas, eu também possa voar.
Sonho que no teu ninho,
Haja, para mim, um lugar.
E que, por um segundo, me dediques o teu cantar.

Mas tudo é apenas sonho...
Quem sou eu, um pobre poeta,
Para desejar chegar às estrelas,
Levado pelas tuas asas!
Só o que me resta é sonhar...

E ficar na janela,
Varando as madrugadas,
Esperando os raios de Sol,
Na esperança angustiosa,
De ouvir teu canto,
E te ver voando ao longe,
E assim, manter esse encanto,
Que me faz te amar tanto,
A ponto de me esquecer de mim.


08/08/2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

FRAGMENTOS DE UM DESEJO



FRAGMENTOS DE UM DESEJO
                
            Parada em pé no meio da sala, Juliana Newman olhou à sua volta, a sala era confortável e muito limpa, visualizou mentalmente os outros cômodos de seu apartamento, e todos estavam vazios e pensou na solidão que sentia. O que levava uma mulher de 40 anos, bonita, lindos cabelos loiros num tom dourado, cobrindo seus ombros, com um corpo perfeito e bem-sucedida profissionalmente, a questionar sua vida? Estava infeliz e não sabia o que fazer. Recusava todos os convites para festas e jantares e ignorava os galanteios. Evitava reuniões de trabalho em restaurantes, gostava de resolver no escritório, justamente para não dar margem a nenhuma investida de algum cliente mais ousado.
            Ela vivia sozinha, seus pais eram falecidos e não tinha irmãos, seus únicos parentes, dois tios, irmãos de seu pai, residiam na Inglaterra e raramente se visitavam. Mas não era essa solidão que a perturbava, mas a vontade de ficar sozinha, de excluir todos de sua vida, de se isolar. Então se recolhia ao seu apartamento, o seu mundo, e hoje, sem saber o motivo, estava se sentindo muito sozinha e triste. Lembrou que podia tirar férias no escritório, e que dependia do juiz marcar a audiência no processo que defendia e se tudo corresse bem, em 30 dias poderia viajar, quem sabe encontraria as respostas.
            Animou-se com a ideia das férias e foi para seu quarto. Colocou a bolsa em cima de uma poltrona e foi separar uma roupa confortável para vestir depois do banho, um short preto e uma regata branca. Foi até um espelho para tirar brincos e pulseiras. Ficou olhando para seu corpo e começou a se despir, lentamente, deixou escorregar a saia, despiu a blusa, ficando de calcinha e sutiã, olhou atentamente para seu corpo perfeito. Gostava de alimentação saudável e ginástica aeróbica, também nadava três vezes por semana durante duas horas, estava pensando em trocar a ginástica por natação, que lhe dava mais prazer e a deixava mais relaxada, talvez pela exigência de maior esforço e energia.
            Passou as duas mãos pelo corpo suavemente, acariciando-se. E de repente sua fisionomia se transformou, olhou outra vez para o rosto e perguntou para seu reflexo no espelho:
 – De que adianta este corpo sensual e bonito, se não encontro ninguém que me agrade, ninguém para vir aqui me fazer gritar de prazer? Alguém que me jogue na cama e me ame loucamente? Não quero mais brincar sozinha ou com aquele vibrador frio, sem vida. Quero alguém, eu preciso de alguém. Depois do desabafo, sentou-se no chão ainda em frente ao espelho e continuou se analisando... Por fim levantou-se e seguiu para o banheiro. Após o relaxante banho, providenciou o jantar, e da sua geladeira abarrotada de frutas, verduras e legumes, tirou um peixe grelhado colocando para aquecer enquanto preparava uma salada. Ao término do jantar, ligou o notebook e decidiu passar o resto da noite passeando no Facebook e selecionar algumas músicas no Youtube.
            Respondeu alguns e-mails, trocou informações com amigos e aleatoriamente foi buscando páginas, saiu do Facebook e foi para o Youtube selecionar links musicais.
            De repente clicou errado e entrou um link que não fora selecionado, estava para sair quando sentiu um arrepio percorrer seu corpo e ficou hipnotizada ouvindo a música.
            A música era perturbadora e envolvente, e de repente uma voz suave cantando, falava de amor, de não ter um amor, de solidão, parecia mais um lamento do que uma canção, e uma imensa vontade de abraçar, confortar quem murmurava aquela solidão aterradora, fazendo-a esquecer da sua própria solidão. Ao término da música, procurou, mexeu e não encontrou o nome do compositor ou do cantor, então voltou a ouvir, e mais uma vez seu corpo ficou todo eriçado e impaciente e precisava saber o que era aquilo, de quem era a linda música, de quem era a voz sensual.
            Salvou o link e decidiu deixar para o dia seguinte, que era sábado e não precisaria trabalhar, então teria tempo para desvendar o mistério.
            Desligou o notebook e foi dormir. Tentou, mas não conseguia parar de pensar nas sensações que seu corpo sentiu ao ouvir aquela música.
            Pela manhã, após o café, voltou para o computador e se dedicou a uma busca, nada encontrando. Lembrou-se de um amigo que era DJ, o Rick e procurou por ele no Facebook e por sorte estava online. Enviou o link para ele, que quando escutou a voz, já sabia de quem se tratava:
– Este é Nicholas Ranagan, é americano, parece que vive em Los Angeles, não é profissional, compõe a alguns anos, mas diz que não faz música para ganhar dinheiro, faz porque ama música, é um cara esquisitão, veja uma matéria com ele na revista Rolling Stones de março. Veja na internet.
            Juliana se despediu do amigo e foi procurar o site da revista, buscando a edição de março passado. Estava impaciente e o computador parecia não andar. Encontrou a revista, e foi procurando a matéria, nem tinha destaque na capa, e ficou paralisada. Três fotografias, a maior delas mostrava um homem vestido com simplicidade, bermuda, chinelos e camiseta de surfista, pele bronzeada, cabelo castanho liso batendo no ombro, olhos azuis, a boca com os lábios entreabertos que fez com que ela passasse a língua pelos próprios lábios, seu corpo sentia uma força vindo daquele homem, era uma vontade de entrar na tela e ir lá beijar aquela boca... Ficou ofegante e quando percebeu estava se acariciando e empurrou a cadeira para trás, para tentar se recompor.
            Refeita do arrebatamento, tratou de ler a matéria para obter mais informações a respeito do homem encantador que a deixou maluca... Tinha 42 anos, era solteiro e vivia sozinho, sua família era do Colorado e não se davam muito bem, não mencionava o motivo. Havia recebido uma herança da avó, que lhe permitiu comprar uma casa e compor suas músicas, ocasionalmente vendia os direitos para alguma gravadora, mas não tinha interesse em comercializar, suas obras como ele chamava. Continuou lendo a matéria e se encantando cada vez mais com aquele homem, até que seus olhos se depararam com o link dele no Facebook, clicando em cima.
            Olhava avidamente enquanto a página abria e uma fotografia daquele monumento estampava a tela de seu notebook, a boca parecia mais convidativa. Passou a língua pelos lábios, estava ofegante. Eenviou uma solicitação de amizade. Ficou assustada como uma criança, com as duas mãos levantadas acima do teclado, com medo de alguma reação involuntária. Ele confirmou a amizade e entrou no chat. Juliana foi logo falando da música, para se distrair do que seu corpo sentia cada vez que olhava aquela pequena fotografia na caixa do chat. Nicholas, apesar de viver recluso era bem simpático e estava com vontade de conversar, e foi perguntando o que fazia, o que gostava, falando dele, de suas músicas, que morava em Venice Beach, que Los Angeles era muito agitada e queria mar e calmaria. Ela tremia cada vez que precisava digitar, tinha medo de escrever o que não devia e assustá-lo. Ficaram trocando informações por umas duas horas, marcando novo bate-papo para a noite. Ela desligou e continuou sentada de olhos fechados, curtindo as sensações em seu corpo. Levantou e correu para o banheiro abrindo o chuveiro na água fria e entrou embaixo ainda vestida, sentia seu corpo queimando. E começou a rir, rir alto como a muito tempo não fazia, estava se sentindo muito feliz.
            A tarde passou voando, ocupou-se com a casa, precisava fazer compras, mas não pretendia sair, e pediu por telefone. Jantou, deixou tudo limpo e pegando o notebook, foi para o sofá aguardar por ele. Pontualmente Nicholas entrou e os dois começaram a conversar, durante umas quatro horas. E assim, durante 20 dias, todos os dias eles se falavam, ele contava de sua vida e ela também. Juliana estava cada vez mais envolvida, e precisava se controlar, tinha ímpetos de entrar na tela do note e agarrar aquele homem que a deixara louca de desejo. E ele não falava nada, sempre gentil e educado. Juliana não aguentava mais, queria mais, queria ele e que ele também a quisesse, e uma noite, decidiu falar. Resolveu tomar coragem e falar o que sentia por ele.
            No horário marcado Nicholas entra falando da praia, ela impaciente, e ele dizia que apresentava suas músicas na rua, e adorava. E ela não aguentou mais e disse:
 – Não é nada, não é ninguém e fica me olhando com esses lindos olhos e suas músicas tocando, faz ideia do que provocou?
 – O que eu provoquei?
- Não vai nos levar a lugar algum... Ainda bem que estamos distantes... Eu... Eu desejo você!
 – Desejo? Eu provoquei isto?
 – Sim... E nunca mais vou falar a respeito é perturbador e não vou desejar o que não vou ter... O que não posso ter.
 – Você me deseja?
 – Você provocou um turbilhão...
 – Dentro de você?
 – Não, não dentro de mim.
 – Claro que foi dentro de você.
 – Não sabe nada de mim... O que eu penso e o que eu sinto.
 – O que sente?
 – Eu... O que eu sinto dentro de mim, neste momento, ou o que eu penso você nem faz ideia.
 – Você parece uma menina.
 – O que tem a ver uma menina, com o desejo de uma mulher por um homem que ela não conhece, não escuta sua voz, não sabe nada dele? Desejo pelo mundo sombrio e tempestuoso que tem dentro dele, que gostaria de mergulhar de corpo inteiro neste mistério.
 – Querida, não chore...
 – Não estou chorando... não tem lágrima, só tem pupila dilatada...
 – Pupila dilatada?
 – Viu, não sabe nada... Desejo intenso fazem as pupilas dilatarem.
 – Como você faz? Com o desejo que sente?
 – Sempre se pode dar um jeito... Mas a vontade de tocar, beijar, sentir a pele, esta não tem jeito. Desejo a gente precisa saciar.
– Puxa... Não sei o que dizer, estamos tão distantes... Você sente desejo.
 – Nicholas, eu sinto desejo por você, estou louca por você, não por sexo, quero você. Olha é melhor esquecer, nunca vai dar certo. Vou desligar agora. E Juliana arrasada desliga o note, deixando-o lá.
            Juliana, no dia seguinte, se arrepende de tudo que falou. Vai deixar uma mensagem e quando abre a caixa, encontra vários links de músicas para ela, são de Nicholas. Esquece tudo. Ele aparece e ela pede desculpas, só que agora está diferente, ele quer saber mais sobre o que ela sente, como sente, e de que forma. Juliana fica cada vez mais excitada, querendo entrar no computador ou se pudesse trazer ele para os seus braços e acaricia suas pernas sentindo arrepios pelo corpo e o desejo latejante em seus genitais, pedindo e implorando para aquele desejo ser saciado.
            Mas quando ele começa a falar palavras doces, sensuais, provocando-a, como se quisesse, a milhares de quilômetros e ao mesmo tempo tão perto, aplacar aquele desejo, ela se retrai, sente vergonha, e sabe que não poderá continuar escrevendo.
            Nicholas fica irritado. Diz que está cansado, que ela não sabe o que quer e por não usar o Skype para eles falarem podendo ver um ao outro. Acabam brigando mais uma vez.
            No dia seguinte, quando abre o note, tem uma mensagem pedindo desculpas, e uma música que fez para ela. Juliana fica encantada com aquele carinho e fazem as pazes.
            Nicholas está todo animado, mostrando fotografias da sua casa, próximo ao mar, disse que comprou com a herança da avó, que é pequena, simples, mas é dele. A casa parece um loft, um grande cômodo com quatro ambientes separados com móveis e uma peça que ela pensou ser o banheiro. Aconchegante e tudo arrumado, ele parecia ser meticuloso e detalhista. Juliana perguntou por que ele não gravava, não fazia como todos os compositores. Nicholas não gostou da pergunta, a música era especial e não venderia cópias por aí, que apresentava na praia, no calçadão, alguns compravam e estava tudo bem.
– Parece que você não gosta de como eu faço meu trabalho, é minha música e você poderia me ver tocar se quisesse.
            E desliga o chat. Juliana fica furiosa, não sabe o que fazer, ele não fala, não diz nada, não sabe o que ele sente e como vai fazer. Desespera-se e acaba chorando. E percebe que não é mais só desejo, está envolvida, está apaixonada, e parece que vai sufocar.
            Mais tarde, ela percebe que Nicholas voltou e vai falar com ele. Ficam discutindo, cada um os seus motivos. Juliana diz que a culpa é dela, não devia ter se envolvido e agora vai se buscar de volta.
 – Você acha?
 – Vou sim, tenho certeza. Nem conheço você.
 – Chega de brigas, não quero mais brigar com você.
 – Diga o que você quer que eu escreva?
 – O que sente.
 – O que eu sinto? Mais... Você quer mais?
 – Quero...
 – E como vou ficar se te der mais? Vais levar tudo de mim.
 – Querida, como desejar alguém desta maneira poder ser saudável?
 – É saudável desejar alguém... Quem sabe ir agora para esta casa junto ao mar e abraçar você? Ficar numa cama quentinha, abraçados.
 – Beijos molhados e carícias ardentes.
 – Chega! Quem sabe um dia eu poderei saciar esse desejo... Um dia... Talvez nem exista mais o desejo e curtir assim... Eu aqui e você aí... Queria colocar você em meus braços e apagar todo o nosso passado... Cobrir você de beijos e ver o sorriso em seus olhos.
 – Só se você viesse me visitar, aí nós poderíamos aplacar esse desejo.
 – Eu visitar você? Você quer que eu viaje para visitar você? Simples assim? Não vai me pedir mais nada?
 – Venha... Não vou pedir nada, eu quero saciar o seu desejo.
            Ela percebe que ele não falará, não vai falar o que ela quer ouvir, como vai largar tudo para viver com um artista de rua em Los Angeles?
            Que mora numa casa pequena na praia... Uma linda casa na praia, longe de tudo, com o homem que a leva a loucura sem tocá-la, que aquela dor que sente pelo corpo é fome, fome daquele corpo, daquele homem, e sabe que não poderá mais viver sem ele... Mas ele não fala, ele não pede. Visitar? Vou visitar e depois voltar? Antes me afogo no Pacífico. E a decisão foi tomada... Ela corre e liga para o escritório se demitindo, enquanto se veste para ir lá resolver as pendências e quando retorna, faz as malas, compra uma passagem só de ida para Los Angeles... Não vai avisar, fará uma surpresa. Tranca o apartamento, avisa o síndico que vai viajar e não sabe quando voltará.
            Chegando ao aeroporto em cima da hora, ainda bem que fez o check-in pela internet.
            Entra no avião e se acomoda, vai desligar o celular e percebe que tem uma mensagem do Nicolas, abre e sorri. Diz a mensagem: “Venha viver comigo... Eu amo você!”

Nell Morato
12.02.2014

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Quem Conta Um Conto...Conta A Cinco Mãos



Beleza: Além Dos Salões, Até A Alma...

“Que me perdoem as muito feias, mas beleza é fundamental...” Assim ‘ditou’ nosso saudoso Vinícius, em 1959, na célebre frase que viraria quase uma regra.  Sem dúvida, é uma verdade universal a frase: “a primeira impressão é a que conta!” Enquanto não se conhece a pessoa, temos de concordar que é muito melhor olhar o “bonito” (no padrão atual da nossa sociedade) do que mirar o feio.
A beleza sempre foi cultuada em todos os tempos. As religiões politeístas tinham a beleza representada por deusas: Afrodite (grega), Vênus (romana), Freya (nórdica), Hator ( egípcia). A harmonia das formas sempre encantou os olhos da Humanidade. Personagens famosos da História tiveram destaque por conta da beleza física: Nefertiti, Cleópatra, Lucrécia Bórgia, a Marquesa de Santos, Jacqueline Kennedy. E, nas telas de cinema, as divas inesquecíveis: Elizabeth Taylor, Rita Hayworth, Marilyn Monroe, Sharon Stone e os galãs, Rodolfo Valentino, James Dean, Robert Redford, Leonardo Di Caprio. Os padrões de beleza também mudam de acordo com a época, atualmente, belo é quem é magro e jovem. Houve tempo, em que era outra a verdade universal: “Gordura é formosura”. O dinamismo dos padrões das sociedades nos leva a cada instante a rever os nossos conceitos de beleza.
A ditadura da beleza está exposta nas capas de revista, nos outdoors, na televisão e no cinema. Há que ser belo para ser amado, parecem gritar as estampas e os comerciais. Criou-se um valor extraordinário para a beleza estética, como se nada mais importasse. Nos quatro cantos do Ocidente, prega-se a beleza como requisito indispensável para se alcançar a felicidade. Atualmente, algumas mulheres vivem a paranoia do corpo perfeito: silicone aqui, ali e acolá também, sem falar no botox e, assim, a indústria da beleza fatura alto, em nome do que as pessoas, homens e mulheres, entendem por beleza. Muito complicado se submeter a intervenções cirúrgicas, correndo riscos de efeitos colaterais e até de morte. O segredo de beleza das lindas “cinquentonas” é o cuidado, que começa ainda na juventude: boa alimentação, exercícios físicos e bons pensamentos. Devemos, sim, cuidar do nosso bem estar e saúde isto é responsabilidade, mas, compreendendo sempre que, na vida, nascemos, crescemos, vivemos e voltamos à velha infância, literalmente. Nunca um rosto bonito e corpo perfeito serão páreo para uma mulher elegante e charmosa.
A beleza física atrai, desperta o desejo, ilude, aumenta a autoestima, levanta o astral. Mas também perde a graça, quando não há essência. Quem somente observa a aparência, deixa de observar o “conteúdo” da pessoa. A beleza física é efêmera, se esvai com o tempo e, quando o tempo passar para essa beleza, o que restará? Fazer plástica em cima de plástica?  Seria tão mais fácil se entendessem que a beleza plástica não reflete o interior de alguém... A verdadeira beleza vem de dentro para fora, ela, sim, ilumina o que há por fora e realça mais ainda o que é lindo. Nada se compara ao brilho de um olhar que tem a centelha da dignidade e a brisa suave do amor espelhado na face. Nada supera a beleza interna, que aflora através dos gestos, atos, sentimentos, que se carrega ao longo de toda vida, iluminando àqueles que têm o privilégio de conviver com quem tem beleza interior.
Uma mulher ciente de sua feminilidade, vestida e decidida, conquista admiradores por onde passa, Seu charme é a sua beleza, A maneira de andar, de sentar, gestos delicados, sorriso sempre presente, educada e gentil. É, na verdade, uma linda mulher e, muitas vezes, nem bonita fisicamente ela é.
“... Que se acaricie nos braços alguma coisa além da carne...”, continuou Vinícius no mesmo poema... É preciso que haja a beleza da alma, esta, se constrói com o cultivo das virtudes com a cultura, com o amor que deve florescer e ornar o nosso Espírito de luz. Essa é a beleza fundamental.

terça-feira, 5 de agosto de 2014


VERSOS NOTURNOS

Vólia Loureiro do Amaral Lima

Vago à noite,
Por entre sonhos
E segredos.
Em passeios noturnos,
De pura fantasia.

Guardo os meus medos,
Na arca dos segredos,
Onde reservo histórias
E secretos enredos.

Tenho esse lado noturno,
Que, por vezes, deixa-me assim.
Soturna a ponto de perder
A magia.

Nessas horas,
A lua é minha companhia,
A ausência da tua voz,
À minha também silencia.

E para que o canto,
Não se transforme em lamento,
Jogo-me assim,
Ao sabor dos ventos,
Até que a saudade se transforme
Em versos.

E os versos noturnos,
Voam quais cometas,
Pequenos vagalumes
Que me guiam de volta,
À minha gaiola de realidade.


04/08/2014

domingo, 3 de agosto de 2014



VIDA QUE SEGUE

Vólia Loureiro do  Amaral Lima


Já não dói.
É, antes, apenas uma sombra no olhar,
Que, de repente, perpassa,
E depois vai embora,
Como a chuva passageira.

Já não é mais saudade,
É, antes, apenas uma mania de lembrar,
Como quem, às vezes, deita olhar,
Em alguma foto antiga,
 Amarelada pelo tempo.

Ficaram algumas lembranças,
Alguns ecos de palavras,
De Canções,
Imagens distorcidas,
Pedaços de alguma coisa, ou de nada.

E a vida segue o seu caminho,
Um dia se segue após o outro,
O inverno é sucedido pelo verão.
As águas do rio passam
E não mais voltam mais.

E a gente amanhece e se recria,
Com as flores que nascem,
Depois que a chuva lava tudo,
E a gente cresce e caminha,
Nos risos e lágrimas de cada dia.

24/02/14


ESTRELA D’ALVA

Vólia Loureiro do Amaral Lima

A noite já ia alta,
E o céu se fazia ribalta
De uma cornucópia de estrelas,
E lá na Terra, sob o seu dossel dourado,
Dormia a linda donzela.

Bem se imagina o que sonhava,
Ali, no leito, aquecida e aninhada,
Sonhava com o amor,
Com histórias de um reino distante
Onde lá encontraria o seu cavaleiro errante.

Não sabia ela,
A adormecida donzela,
Que o amor jazia ali tão perto;
Vagando pelas estrelas,
Daquele céu tão deserto.

Lá do céu, ele a adorava,
E por causa dela,
Lindos poemas criava,
E os espalhava
Entre as estrelas
Incontáveis do infinito céu.

Mas, a bela distraída,
No seu leito adormecida,
De nada se apercebia.
Não via o brilho das estrelas,
Que pulsavam poemas de amor
Espalhados a mancheias,
Pelo seu secreto admirador.

Até que certa noite,
Os poemas eram tantos,
Brilhando no céu a falar
De amor,
E a donzela distraída,
A sonhar não os notou.


Que Deus ,
Apiedado do poeta,
E por amar as suas
Canções de amor,
Ajuntou o brilho destas,
Em um brilho maior,
E a Estrela D’Alva criou.

13/08/2013